quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Dias atrás ela se perguntava se valia mesmo a pena passar por tudo o que estava passando, sofrer tudo o que estava sofrendo. Ela se perguntava se aquela história de “Sempre há uma luz no fim do túnel” era verdade, e se aquela história se aplicava à ela também. Suicídio, parece uma forma tão fácil de acabar com todas as dores, uma forma nobre de deixar para trás todos aqueles que incutiam algum tipo de dor na sua mente. Ela esperava que as coisas tomassem o seu rumo depois de estar totalmente bagunçado, mas ela ficava sentada, esperando, como uma criança na noite de natal esperando pelo papai noel… esperanças vãs. A situação em que ela se encontrava era totalmente depressiva, seus amigos a abandonaram, seus pais não davam a mínima pra ela, seu amor não era correspondido de nenhuma maneira, seu corpo não correspondia às suas expectativas, e todos esses problemas por mínimos que pareçam, fazia com que ela se sentisse a mínima das mínimas nessa sociedade de grandes titãs. Ela não se encaixava em nenhum padrão que a sociedade lhe impunha, e ela se sentia altamente excluída por tudo e por todos, então, pra que viver? Pra que viver se não há motivos reais para que se possa dar valor à uma vida que já deixou de se importante há tanto tempo? Pra que viver se ninguém com quem você se importa, faz o mesmo por você. A dor era insana, ao término de cada dia ela chegava em casa e torcia para que o dia a surpreendesse, ela olhava o relógio todas as noites esperando para que desse meia noite em ponto para poder começar seu novo dia de uma forma diferente. Ela abria a gaveta onde guardava os seus objetos e dentro de um saquinho de veludo haviam várias lâminas que ainda não tinham sido utilizadas. Ela as pegava e começava o seu processo de auto-mutilação, fazia isso todos os dias, era uma forma de acabar com a dor do seu coração. Mas ela não sentia nada, apesar das lágrimas estarem rolando em seu rosto desesperadamente, ela não conseguia sentir uma só faísca de que as coisas pudessem estar mudando a partir daquele momento interminável de dor. O sangue gotejava lentamente, pingando sobre o carpete cor de rosa que ela mesmo escolhera para decorar o seu quarto… Suas mãos tremiam de acordo com a temperatura do ambiente, que a cada segundo ia ficando mais frio. Os sons eram cada vez mais indistintos, ela não conseguia identificar o local onde estivera, tudo o que ela conseguia ver era o seu pulso gritando por socorro pelos maus tratos que as lâminas lhe proporcionavam. Todos os dias eram a mesma coisa, ela chegava cansada e triste pelo mundo lá fora, ia para o seu refúgio ouvir suas músicas preferidas e ler os seus livros prediletos, mas isso não bastava para que ela se sentisse completa, isso não bastava para distraí-la de cometer os mesmos erros. Ela olhava para o lado e localizava a gaveta que continham o saquinho cheio de lâminas, ela não resistia por um só só segundo, ela sabia muito bem o que queria fazer, ela sabia muito bem o que ela queria esconder, ela sabia muito bem o que ela estava sentindo e sabia o que as pessoas pensavam à respeito dela por estar fazendo aquilo com ela mesmo. Seu corpo servia de instrumento para o masoquismo exagerado que habitava o seu corpo, ela não se arrependia depois do ato, mas via as conseqüências marcadas em seus braços e pernas. Ela sabia que aquelas cicatrizes jamais sairiam de seu corpo, e que jamais as novas peles poderiam cobrir os buracos e cortes espalhados pelo seu todo. Mas o que era pior, os cortes nos seus braços, ou as feridas que nunca cicatrizam no sue coração? Ela encarava esse processo como uma simples auto-ajuda, como se fosse uma forma de recuperação, como se fosse uma reabilitação. O que ela não sabia era que usar aqueles métodos só lhe trariam mais dor, mais vício, porque quanto mais ela fazia, mais ela queria, e quanto mais ela queria, mais ela fazia, conseqüentemente quanto mais ela fazia, mais ela sofria; E esse ciclo ia se repetindo semanas após semanas, era um círculo vicioso do qual era já pertencia de corpo e alma, ela não conseguia escapar, ela não conseguia encontrar uma saída de voltar no tempo e começar tudo de novo, de uma forma que ela pudesse pensar muito antes de tomar uma atitude dessa… Ela tentava o suicídio todos os dias, mas sempre fracassava, já tentou se enforcar, já tomou remédios em alta quantidade para que sofresse uma parada cardíaca, já bebeu, já fumou, já fez uso de tóxicos e venenos poderos, mas sempre acabava do mesmo jeito… Ela chorando no canto do quarto, desesperada, com a respiração acelerada e seu pulso quase a matando de tão rápido que estava , seus olhos inchados de tanto chorar denunciavam o medo dilatando as suas pupilas, ela se fazia de forte, mas por baixo daquela pele poderia encontrar uma garota frágil que só precisava de carinho e atenção, uma garota romântica que precisa de amor, uma garota simples e educada que precisava de um lugar no mundo, uma garota talentosa que deveria ser reconhecida[…]

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